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Os 13 anos do Música Para Todos os jaraguaenses

Setembro, mês das flores, mas também da música jaraguaense. Há 13 anos, uma ideia se iniciava em Jaraguá do Sul: a Música Para Todos ou como muitos conhecem, o MPT. Hoje, o projeto conta com mais de dezenove modalidades entre elas, piano, musicalização, harpa, violão, percussão corporal e instrumental, saxofone, canto. Durante algumas horas e em dias específicos da semana, os alunos vão a SCAR (Sociedade Cultura Artística), para a prática do instrumento, canto coral, percussão corporal e teoria musical.

O início...
Amante da música e com toda a sua formação voltada a esse saber, a professora de piano, musicalização infantil e teoria musical, além de musicista, Vanize de Camargo Kragg, 58 anos, adora as músicas do Brasil. “Minha busca sempre foi tentar trazer a música popular, valorizando também a música brasileira. A história da música está na Europa e o turista vai lá para ver isso e o brasileiro não mantêm a sua história musical. Eu sempre quis esse popular também nesse sentido cultural”, destaca.

(Professora de piano e musicista, Vanize de Camargo Kraag - Foto: Eduardo Montecino)

Participando desde o início, a musicista convidou o professor erudito, Magnus Behling, 43 anos. Como o professor e advogado é do segmento das cordas e de orquestra filarmônica, o projeto acoplou o popular ao clássico, no sentido de permitir a manutenção e a formação de uma orquestra de cordas com música popular.
A orquestra era sustentada por outros músicos, ou seja, tinha-se uma orquestra, mas quem tocava não eram os músicos do projeto. Até que em setembro de 2003, timidamente se iniciava o projeto MPT com cerca de 40 alunos.
Com a inauguração de um teatro onde hoje é a Scar, muitos dos sonhos musicais, foram passiveis de realização. “A antiga diretora da Scar, sempre teve uma preocupação com a educação e em como viabilizar o custo, surgindo a Lei Rouanet”, salienta Magnus. Hoje, o projeto conta com o apoio de empresas, dentre elas da WEG de Jaraguá do Sul, mas há 13 anos não havia um investimento por parte de empresários, pois não se tinha nada ainda para comparar e não havia uma certeza se ia vingar. E vingou.

(Advogado e professor de cordas, Magnus Behling - Foto: Eduardo Montecino)

Mas para manter o projeto funcionando era necessário ter alunos e a divulgação se dava por meio do boca a boca, de telefonemas e nas escolas, pois a verba na época era bem reduzida, tanto que microfones e caixas, que são umas das coisas essenciais para qualquer apresentação de música, eram emprestados.

“No início do projeto, se tinha uma mensalidade que não era fixa para todos os participantes, o aluno definia dentro do que ele poderia contribuir”, destaca. Esse dinheiro era usado para comprar os materiais, como guitarra, amplificador de guitarra e cubo de baixo. Para não haver uma rivalidade com outras escolas de música, a Scar oferecia aulas em grupo, que era o seu diferencial. “Como em todas as aulas de música os alunos pagavam uma mensalidade, houve essa preocupação para não tirar nenhum aluno da escola onde estivesse”, diz Magnus. 

Percussão entra no jogo da música...
 Mas quando se pensa em música brasileira, se pensa em percussão. “Um professor de percussão caiu de paraquedas em Jaraguá e logo o reservei até a diretoria me dar o aval para a aula, pois trabalhávamos com recurso conseguido e não se podia extrapolar o número de aulas”, salienta Vanize.

(Apresentação de 2014 do projeto - Percussão instrumento tocando com as cordas
- Foto: Arquivo Pessoal)

O projeto tinha um professor, mas não tinha instrumento e nem aluno. Outra dificuldade com a nova modalidade era fazer as pessoas conhecerem o que era a percussão. “Passado aquele ano em que ele ficou ali esperando, eu chamei ele para vir ao projeto dar aula de percussão corporal, onde todos os alunos fariam a aula.”
Mas a musicista ainda não estava totalmente satisfeita. Vendo que a percussão mexia com as pessoa e que eles – alunos e pais – gostavam pois fazia barulho e tinha movimento, o projeto conseguiu dinheiro para a compra de instrumentos e aos poucos se foi montando oficinas de choro, samba e bossa nova (ritmos tradicionais brasileiros).

Apresentações...
As apresentações eram feitas no PT (Pequeno Teatro), onde os quatro professores se reuniam para estar tocando e tocar com os alunos. “Não se espera uma reação tão boa quando naquela apresentação. O público todo levantar foi o pequeno teatro. O público todo aplaudir foi no pequeno teatro. Depois eu tinha que falar, pois era eu que estava coordenando o projeto, mas não deu”, Vanize se emociona ao lembrar. Hoje, elas acontecem no GT (Grande Teatro), Museu da WEG e no Pianos Bar (sala do lado do PT na Scar).
Vanize a Magnus lembram com carinho da apresentação sobre a Vanguarda, onde todos os professores se envolveram e cada um preparou uma apresentação. Na época, se estudava todo o movimento.  

13 anos depois…
Vanize não vê nenhuma pessoa com olhar de pena e nem pensa que este não pode tocar o instrumento que deseja. Sendo assim, entre vários de seus alunos, destaca-se Daniel Augusto da Silva, 30 anos. O aluno de teclado frequenta a AMA (Associação de Amigos do Autista) e nas segundas-feiras das 11h10 às 11h40 na sala 104 no térreo da Scar, faz as aulas que tanto gosta.

(Daniel Augusto na aula de teclado - Foto: Eduardo Montecino)

Inês que é a mãe de Daniel, sempre acompanha as aulas e vê a melhora do filho. “Ele está mais concentrado”. A mãe ainda diz que ele usa a internet, mas não para usar o facebook (pois ele não tem) e sim para adquirir conhecimento, além de ler muito. “Vamos à missa todo domingo e ele sabe se uma frase foi lido errada e qual é o versículo da bíblia.”
Daniel lê e escreve bem e não admite erros de português, além de ter uma facilidade com outros idiomas como inglês, francês e espanhol, e claro, tem um bom gosto pela música. “Gosto de músicas anos 80, sertanejo e música clássica”, diz o aluno que é hiperativo.
Perguntado sobre seu aprendizado com a música, ele mesmo responde e diz que não gosta de faltar. A professora diz que não pode ensinar a ele como se ensina a outro aluno, é preciso criar estratégias. E uma das estratégias usadas por Vanize, é a fala. “Vou falando as notas para ele ir tocando.”

(O objetivo, é Daniel tocar sozinho, mas aos poucos, ele e Vanize vão avançando as etapas
- Foto: Eduardo Montecino)

Observamos uma aula de Daniel, e na estante (lugar onde fica a partitura em cima do piano ou do teclado), foi possível ver uma partitura com uma escrita diferente do que se vê. Nela havia as notas escritas (dó, ré, mi) um traço ( | ) para indicar o fim do compasso e um reta ( - ) para indicar quando você deve sustentar a nota, ou seja, quando você segura ela por mais tempo.
“Eu aprendendo com o Daniel”, diz Vanize. A musicista tem que se adaptar ao ritmo de aprendizado do aluno e inventar novas formas de passar o conhecimento da música para ele.Aos poucos ele vai tocando sozinho, mas por enquanto nas apresentações, os dois sobem juntos no palco. Vanize para fazer a harmonia da música e Daniel para tocar a melodia. 

A Scar e MPT hoje... 
As pessoas vêm a Scar como um espaço destinado a elite, quando na verdade ela é da sociedade e para a sociedade. "O projeto Música Para Todos teve um papel muito importante para fazer as pessoas entrarem na Scar e se sentirem bem aqui", salienta Magnus. 
Hoje, o projeto conta com mais de 200 alunos e 22 modalidades (acordeão, baixo e contrabaixo, bateria, canto, clarinete, fagote, flauta doce e transversal, guitarra, harpa, musicalização infantil, percussão, piano, saxofone, teclado, trompete, viola clássica e caipira, violino e violoncelo). "O projeto é idealizado para ter seu processo seletivo no mês de fevereiro e aulas regulares de março a dezembro. Como a procura é grande e a avaliação criteriosa, precisamos desse tempo para que tudo seja realizado da melhor maneira possível", diz o coordenador do projeto desde 2009, Roberto Koch.
No fim do ano, acontece uma premiação onde o melhor aluno de certas modalidades é premiado com seu respectivo instrumento. "A ideia surgiu quando um casal se sensibilizou e entendeu que a forma de ajudar seria doando um valor em dinheiro para os alunos", destaca.



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