São quase 6h da manhã, pra ser exata
são 5h49, do último domingo de janeiro de 2016. Todas as pessoas estão
dormindo, e eu, por alguma razão perdi o sono. Olhei nas minhas redes sociais
pra ver se tinha alguém acordado assim como eu que perdeu o sono também, mas
todos dormem. Talvez eu devesse tentar dormir novamente ou ir ver TV, ou sei
lá, ficar aqui deitada na claridade de meu quarto que é iluminado pela luz
emitida de um lampião pendurado no canto da varanda de minha vizinha. Não sei
mais o que pensar. Talvez eu estivesse louco ou apenas tendo um delírio por
falta de sono. Talvez eu estivesse certo. Talvez eu devesse sair por ai sem
rumo e voltar quando me der a louca ou quando a fome bater. Talvez eu devesse
gritar no canto mais quieto dessa cidade pacata na esperança de alguém
responder meu grito gélido. Talvez eu devesse simplesmente me calar enquanto
observo o sol nascer e aprecio a companhia de uma xícara quente de café.
Enquanto me perco por entre esses meus pensamentos, o relógio se vai avançando,
e os ponteiros marcam agora 5h56, e mais uma vez eu estou tendo um devaneio
provocado por uma crise. Crise essa que não se resolve a base de remédio como
receita o médico ou a base de abraço como deseja o peito calado de um coração
amigo. Crise essa que não tem procedência nem paradeiro, quem vem igual uma
chuva. Barulhentas, porém sem avisar. Crise essa provocada pela falta de amor
que quem um dia não foi capaz de me amar, crise de uma dor que chora e um peito
que se lamenta em sangue. Crise de medo, de sonhos e esperanças que foram
deixados para trás. Na medida em quem o tempo vai avançando, com ele o frio
gostoso de uma manhã na cidade. O jornal está jogado em minha porta desde às
4h, e eu aqui há exatos 2h sem notícias de uma cidade que se cala e se deita no
mais profundo sono enquanto alguém em algum lugar do mundo chora a perda de uma
ente. E eu o que faço? Apenas contínuo aqui parado, nessa cama fria, sob uma
claridade e um quarto quieto porém barulhento da mente de uma escritora que
desperta para chorar as mágoas de um coração machucado com o vento. Enquanto
todos dormem, aos poucos ela vai esvaziando seus sentimento a ponto de não
sentir mais nada, e quando os olhos de seus oponentes começarem a se abrir para
contemplar um dia que há de surgir, ela há de deitar, e só assim dormir.
As pessoas acham que escrever é simplesmente pegar as palavras e as colocar numa frase e a fazer elas terem sentido, quando na verdade, é algo muito amplo. Escrever exige observação, pensamento, conhecimento da língua a ser retratada e amor. Sim amor pela fala, pela oratória, pelo papel e pela literatura. Escrever é retirar do vento as palavras que ninguém mais quer, e as organizar, observando não apenas as normas da língua padrão, como concordância, verbo, provérbio, advérbio, e por ai vai, e sim as organizar por ordem de importância e sentido. Escrever, é se doar de corpo e alma, é se entregar, se perder nas letras e se achar no parágrafo seguinte. É se encantar a cada palavra e se emocionar a cada vírgula; é se apaixonar a cada novo texto. A cada dia que passa me apaixono mais por esse mundo literário e me assumo cada vez mais como escritora, não tenho medo do que podem dize ou pensar, como escritora tem que assumir uma postura e como jornalista, assume a mesma postura.
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