É estranho olhar para o canto sala ou para a ponta da mesa e ver uma cadeira vazia e um copo no armário, quando se está acostumado a ver esse objeto cheio com uma bebida escura, como cerveja, e na televisão da sala um padre falando e o volume quase no zero. É difícil aceitar a ideia de nunca ver o rosto de uma pessoa que tanto ama e/ou velo apenas por fotos que estão espalhadas em porta-retratos. É difícil passar por datas comemorativas sem as estranha-las, sem se emocionar e lembrar de pessoas queridas. Após a morte de um ente querido, nada mais é o mesmo. Nem uma reunião de família, o churrasco de domingo, uma partida de futebol, um noticiário na TV, um abraço. Sempre haverá um cheiro, um gosto, uma comida, uma cor para te lembrar dessa pessoa, seja por uma bronca, por um carinho ou simplesmente dos poucos momentos em que ela sorria. Não. Esse não é um texto de ano novo e nem de uma despedida ao ano que terminou. Para você, caro leitor, ele possa ser estranho. Já me desculpo, mas ele não é apenas mais um texto. É uma saudade que transborda de meu peito que chora lágrimas de sangue.
As pessoas acham que escrever é simplesmente pegar as palavras e as colocar numa frase e a fazer elas terem sentido, quando na verdade, é algo muito amplo. Escrever exige observação, pensamento, conhecimento da língua a ser retratada e amor. Sim amor pela fala, pela oratória, pelo papel e pela literatura. Escrever é retirar do vento as palavras que ninguém mais quer, e as organizar, observando não apenas as normas da língua padrão, como concordância, verbo, provérbio, advérbio, e por ai vai, e sim as organizar por ordem de importância e sentido. Escrever, é se doar de corpo e alma, é se entregar, se perder nas letras e se achar no parágrafo seguinte. É se encantar a cada palavra e se emocionar a cada vírgula; é se apaixonar a cada novo texto. A cada dia que passa me apaixono mais por esse mundo literário e me assumo cada vez mais como escritora, não tenho medo do que podem dize ou pensar, como escritora tem que assumir uma postura e como jornalista, assume a mesma postura.
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