Ela sorriu. Sorriu enquanto conversávamos, sorriu ao olhar para a luz do poste, sorriu ao olhar para cima. Eu a olhava e contemplava cada detalhe de seu rosto, cada olheira que passou em claro chorando, e a forma como sua boca abria e fechava e deixava as palavras escaparem. Ela estava linda. Ela falava, e eu apenas ouvia. Calado. Paralisado. Observando seus mais pequenos detalhes, como seus gestos, a forma como mexia no cabelo e que arrumava o óculos; a forma como inclinava a cabeça e que lançava seu olhar de encontro ao meu; a forma como mexia em sua mão, como se quisesse me dizer alguma coisa; a forma como deixava o cabelo desarrumado ou como o prendia. Era mágico estar ao seu lado. O relógio parava e a nossa conversa, ah, nossa conversa, fluía descompromissada. Conversamos sobre tudo, absolutamente tudo. Nossa relação era de extrema confiança. Éramos grandes amigos, mas, a partir daquele momento, não sabia mais definir o que sentira por aquele sorriso que era todo dela. Ela era a garota mais doce e amarga que já conheci. Mesmo com todos os defeitos do mundo, conseguia ser perfeita. Ela sabia ser sexy, sem ser vulgar, além do mais, não tinha a necessidade de aparecer para ser notada. Toda vez que eu a olhava, me encantava mais por aquele sorriso que era só dela.
As pessoas acham que escrever é simplesmente pegar as palavras e as colocar numa frase e a fazer elas terem sentido, quando na verdade, é algo muito amplo. Escrever exige observação, pensamento, conhecimento da língua a ser retratada e amor. Sim amor pela fala, pela oratória, pelo papel e pela literatura. Escrever é retirar do vento as palavras que ninguém mais quer, e as organizar, observando não apenas as normas da língua padrão, como concordância, verbo, provérbio, advérbio, e por ai vai, e sim as organizar por ordem de importância e sentido. Escrever, é se doar de corpo e alma, é se entregar, se perder nas letras e se achar no parágrafo seguinte. É se encantar a cada palavra e se emocionar a cada vírgula; é se apaixonar a cada novo texto. A cada dia que passa me apaixono mais por esse mundo literário e me assumo cada vez mais como escritora, não tenho medo do que podem dize ou pensar, como escritora tem que assumir uma postura e como jornalista, assume a mesma postura.
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