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O silêncio das palavras...

E então eu morri sem que ninguém me conhecesse, sem que algo me fizesse sentir vivo. Morri como morre todo ser de desgosto pela humanidade. Meu corpo continua caminhando sem propósito, sem rumo esperando que algo o atinja e o tire desse limbo. Pode ser uma alma, uma flor, um amor ou mesmo uma palavra. Sim, uma palavra. Eu nem sabia rimar quando as minhas palavras sentiram necessidade de se eternizarem no papel. Minhas mãos eram trêmulas, como as do meu avô. Talvez por achar a minha alma mais velha que a dele, o meu corpo, mesmo sem querer, o imitava. Mas eu só tinha dezoito - pelo menos era assim que trazia escrito a minha certidão de nascimento -, e eu ainda não conhecia tantas palavras. Meu forte sempre foi o silêncio. Nas margens do meu caderno, vários rabiscos daquilo que se passava na minha mente quando eu perdia o foco, ou enquanto eu tentava buscar palavras que tivessem um significado próximo ao peso das minhas lágrimas. Quase sempre em vão, por isso eu sempre tinha um pouco para chorar antes de dormir. Era rotineiro: palavras no papel, ou lágrimas no travesseiro. Alguns anos se passaram, conheci algumas palavras e esqueci outras - eram pequenas demais para o tamanho do que eu sentia. Hoje moro sozinho, e o meu primeiro caderno permanece na casa onde morei, no meu armário, na última gaveta, trancada. Não sei se tenho coragem de ler, e então perceber que eu era mais feliz quando chorava. Hoje, disfarço melhor minhas dores. As palavras às vezes somem de minha boca e de minha mente, e fica difícil dizer o que sinto. Sempre fui quieto, com uma mente barulhenta e um coração inquieto. Palavras. Era tudo o que me restava. 




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