Ela era fogo, e eu água; ela era conhaque, e eu coca-cola; ela era café, e eu chá. Ela era cultura, e eu desinformado; ela era dos livros, e eu do mundo; ela era calma, e eu explosivo. Ela não era mulher pra mim, não era mulher pra alguém como eu, pra alguém sem cultura; ela não é mulher para alguém que tem tão pouco a oferecer, ela não é mulher para pouco. Ela sabia que eu não era a pessoa certa para cuidar dela e mesmo assim, ainda me quis à seu lado; ela sabia dos meus inúmeros defeitos, e mesmo assim, me quis em sua vida; ela sabia que eu não gostava de ler, e mesmo assim teve paciência para me mostrar o caminho até eles. Ela andava no salto, e eu apenas usava tênis; ela toda arrumada, e eu deslechado; ela formada, e eu mal sabia ler; ela tocava piano, e eu nem palma dava no ritmo; ela falava com todo mundo, e eu nem bom dia dizia; ela brincava com as crianças, e eu nem chegava perto delas; ela protegia os animais, e eu nem me protegia; ela dançava tango, e eu nem sambava; ela falava francês, e eu mal o português; ela andava de Mercedes, e eu a pé; ela comida caviar, e eu feijão com arroz. Eu à admirava, mas sabia que não saberia cuidar de uma mulher tão sofisticada como ela, mas mesmo assim ela insistiu em me querer a seu lado, e eu a amava por isso.
As pessoas acham que escrever é simplesmente pegar as palavras e as colocar numa frase e a fazer elas terem sentido, quando na verdade, é algo muito amplo. Escrever exige observação, pensamento, conhecimento da língua a ser retratada e amor. Sim amor pela fala, pela oratória, pelo papel e pela literatura. Escrever é retirar do vento as palavras que ninguém mais quer, e as organizar, observando não apenas as normas da língua padrão, como concordância, verbo, provérbio, advérbio, e por ai vai, e sim as organizar por ordem de importância e sentido. Escrever, é se doar de corpo e alma, é se entregar, se perder nas letras e se achar no parágrafo seguinte. É se encantar a cada palavra e se emocionar a cada vírgula; é se apaixonar a cada novo texto. A cada dia que passa me apaixono mais por esse mundo literário e me assumo cada vez mais como escritora, não tenho medo do que podem dize ou pensar, como escritora tem que assumir uma postura e como jornalista, assume a mesma postura.
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