Ela precisava de uma bebida, mas uma bebida das fortes, que a deixasse de cama por enxaqueca, que a deixasse de porre na manha de segunda-feira, que curasse a dor daquele amor; porém, ela não queria beber sozinha na sala de estar às 22h de um domingo chorando as lágrimas de um amor perdido. Não era pessoa pra viver sozinha. Não era amiga da solidão. Odiava dormir sem companhia, comer então, detestava. Não importava se comeria junto a ela ou não, ela pedia por companhia. Seu coração gritava, e ninguém a escutava. Seus olhos sangravam, e ninguém lhe dava um abraço nem companhia. Quando não havia para onde fugir nem se refugiar, ela pegava um martinê e o verbo a desenhar; as palavras, passaram a acompanhá-la junto as desilusões de quem amou outro coração. Quando não suportava mais de tanta saudade, quando o verbo se recolhia e a bebida acabava, dava seu mais alto grito de clemência. Seus lágrimas. O tempo demorava a passar e por dentro seu coração estava se decompondo em saudade. O verbo, quis silenciar mas este, não a deixava descansar; as palavras, quis matar mas estas, lhe matavam só em pensar. Se antes o que a destruía era a saudade, agora, eram as palavras. É melhor uma morte consciente do que a morte inconsciente. Sentada na poltrona, ela deu seu último suspiro ardente.
As pessoas acham que escrever é simplesmente pegar as palavras e as colocar numa frase e a fazer elas terem sentido, quando na verdade, é algo muito amplo. Escrever exige observação, pensamento, conhecimento da língua a ser retratada e amor. Sim amor pela fala, pela oratória, pelo papel e pela literatura. Escrever é retirar do vento as palavras que ninguém mais quer, e as organizar, observando não apenas as normas da língua padrão, como concordância, verbo, provérbio, advérbio, e por ai vai, e sim as organizar por ordem de importância e sentido. Escrever, é se doar de corpo e alma, é se entregar, se perder nas letras e se achar no parágrafo seguinte. É se encantar a cada palavra e se emocionar a cada vírgula; é se apaixonar a cada novo texto. A cada dia que passa me apaixono mais por esse mundo literário e me assumo cada vez mais como escritora, não tenho medo do que podem dize ou pensar, como escritora tem que assumir uma postura e como jornalista, assume a mesma postura.
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